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Situação de muitos estados brasileiros e de outros países mostra que, com um vírus novo, comemorar ou flexibilizar não pode significar baixar a guarda. Gráfico sobre o Brasil tem ainda a forma de um grande platô, mas com redução lenta de casos e queda mais forte no número de óbitos.

Anvisa alertou os serviços de saúde no Brasil sobre a nova onda de Covid na Europa e reforçou a necessidade de intensificar as medidas de prevenção. A queda do número de mortes no Brasil foi acentuada. A redução do número de casos é lenta.

Na linha de frente do Hospital Emílio Ribas, referência para Covid em São Paulo, o infectologista Jaques Sztajnbok viu a pressão dos primeiros tempos de pandemia diminuir. Os profissionais de saúde aprenderam a manejar a doença com medicamentos de eficácia comprovada, o número de pacientes diminuiu nas UTIs, o perfil mudou e a mortalidade caiu.

“Nós temos visto aí pacientes, na média mais jovens, procurando o hospital, e que vêm com quadros menos graves. Então, a necessidade de internação desse tipo de paciente é menor do que quando chega um paciente como no início da pandemia, com maior número de comorbidades, com mais doenças que a gente considera como fatores de risco, e que certamente eram mais graves e demandavam mais internações”, explica Jaques Sztajnbok, supervisor da UTI do Hospital Emílio Ribas.

Mas a situação de muitos estados brasileiros e de outros países mostra que, com um vírus novo, comemorar e flexibilizar não pode significar baixar a guarda. Um gráfico da OMS mostra a situação da Espanha assustada com uma nova onda. Os números de casos e de mortes altíssimos no começo da pandemia despencaram para voltar a subir, com uma diferença: mais casos, com menos óbitos. Mesmo assim, foram 231 mortes registradas em um único dia desta semana.

O gráfico do Brasil tem ainda a forma de um grande platô, mas vemos redução lenta dos casos e queda mais forte no número de óbitos.

“Nós pudemos respirar um pouco quando vimos que estávamos conseguindo testar um número maior de pessoas. E esse é um momento da epidemia, quando nós, digamos assim, estamos reduzindo muito lentamente, mas ainda em um platô de transmissão muito alto, é muito fundamental que nós consigamos ir testando cada vez mais gente”, avalia Margareth Dalcolmo, pneumologista e pesquisadora da Fiocruz.

Por isso um outro dado preocupa. O número de exames de PCR distribuídos pelo Ministério da Saúde, que chegou a mais de 2,5 milhões em maio, caiu para pouco mais de 800 mil em setembro. E, até o dia 17 de outubro, não chegou a 440 mil. O número de testes feitos no país também caiu de agosto para setembro e continua reduzido em outubro.

E testar mais para isolar e reduzir a transmissão é fundamental também para fazer um outro indicador importante baixar: a taxa de exames positivos na comparação com os exames feitos tem se mantido alta no Brasil: média de 30%, indo de 26% em Minas a 57% no Amapá.

“A recomendação da Organização Mundial de Saúde é abaixo de cinco. Mas os melhores ficaram abaixo de um ou dois. Precisa fazer bastante exame para não perder nenhum caso e ter uma taxa de positividade baixa. Precisa fazer o isolamento de forma adequada. As pessoas precisam respeitar, precisam ficar afastadas quando elas estão sintomáticas, quando elas são suspeitas, quando elas confirmam ou quando são contatos próximos de alguém que confirmou”, diz Marcio Sommer Bittencourt, médico do Centro de Pesquisa Clínica e Epidemiológica do Hospital Universitário da USP.

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