Desde o início da pandemia do coronavírus SARS-CoV-2, diferentes pesquisas foram desenvolvidas para buscar terapias contra o agente infeccioso. As primeiras a serem concluídas foram as das vacinas contra a COVID-19, já aplicadas em milhões de pessoas pelo globo. No campo dos medicamentos, foi aprovado de forma emergencial o antiviral remdesivir e, mais recentemente, investigam o molnupiravir. Originalmente, este remédio foi pensado para tratar a gripe.
Com base em ensaios clínicos preliminares, os pesquisadores verificaram que o antiviral molnupiravir pode ser eficaz contra a COVID-19. “Saber que um novo medicamento está funcionando é importante e bom. No entanto, é igualmente importante entender como o molnupiravir funciona em nível molecular e obter insights para um maior desenvolvimento antiviral”, explicou Patrick Cramer, da Sociedade Max Planck. É exatamente isso que está em estudo.
Como funciona o molnupiravir contra a COVID-19?
Administrado por via oral, o molnupiravir afeta diretamente o material genético do coronavírus e adiciona ao agente infeccioso mutações negativas, ou seja, elementos que atrapalham a sua reprodução. Quando entra na célula, parte do seu composto é convertido em blocos de construção semelhantes ao RNA (ácido ribonucleico). No primeiro momento, a “máquina copiadora viral”, a RNA polimerase, incorpora esses blocos de construção no genoma do RNA do vírus.
No segundo momento, os blocos de construção semelhantes ao RNA se conectam com os blocos de construção do material genético viral. “Quando o RNA viral é replicado para produzir novos vírus, ele contém vários erros, as chamadas mutações. Como resultado, o patógeno não pode mais se reproduzir”, comentou Florian Kabinger, pesquisadora e integrante da equipe de Cramer. Além da COVID-19, os pesquisadores apostam que o composto pode ser usado para tratar outras doenças virais.
Atualmente, o molnupiravir está sendo testado em ensaios clínicos de Fase 3. No entanto, os Estados Unidos já garantiram 1,7 milhão de doses do composto para o possível tratamento dos norte-americanos.
Fonte: Canaltech