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Pensar em toda a cadeia que envolve vacinas contra a Covid-19 no Brasil é esbarrar em problema inicial que impacta na logística e no transporte: a regionalização dos depósitos. Considerar único hub traz ganho na gestão, contudo gera ponto de tensão a mais para o quesito da logística, que passará a ser muito mais exigida durante o processo de distribuição para Estados e municípios. Vimos a complexidade que foi o envio das primeiras unidades direto do centro de distribuição logístico do MS (Ministério da Saúde), em Guarulhos, voos atrasados e cancelados, obrigando alguns Estados a contratar e utilizar aviões executivos (o que encarece a operação) para assegurar a entrega das vacinas.

Considero boa estratégia a criação de centros secundários nos Estados, amparados por robusta plataforma de gestão, permitindo visibilidade em tempo real de posições de estoques, movimentações, validades, temperaturas e demais informações relevantes sobre vacinas, rastreado por data loggers (registrador de dados), que otimizaram todo o processo e preveem manter a qualidade técnica e estrutural de todos os produtos. O segundo alerta que faço é para o cumprimento e respeito aos ranges de temperatura indicado por cada laboratório fabricante. Com todo o aparato tecnológico necessário, o MS mitigaria riscos como perdas dos produtos em decorrência de excursões de temperaturas no armazenamento e transporte, movimentações e até mesmo prazo de validade curto.

Já o terceiro ponto, não menos importante, mas que apresenta a última etapa da operação é o descarte dessas embalagens de armazenamento, sendo a mais comum o isopor. O problema das dispensações não chegou ainda aos holofotes de maneira contundente, mas caso essa tendência siga até o fim da campanha de imunização, teremos gerado passivo ambiental extremamente significativo como descarte e resíduos. E voltando às vacinas, é importantíssimo lembrar que o Brasil, muito embora apresente sim desafios de gestão e logística, é País com um dos maiores programas de imunização e mais eficientes do mundo. São mais de 30 mil unidades na rede pública de saúde capacitadas para atender à população.

Existem empresas nacionais com tecnologias e capacidade produtiva para suportar demandas do MS, Estados e municípios com plataformas de gestão, embalagens e estruturas para armazenar vacinas em todo território nacional, além da capacidade local para produção dos imunizantes via Fiocruz, Butantan e laboratórios privados. Precisamos, porém, de iniciativa integrada, que coloque players públicos e privados para trabalhar em conjunto a fim de unificar suas expertises para ação coordenada em todo território brasileiro em razão de um bem maior.

David Bueno é CEO da empresa Health Tech Shield Company.

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